11/09/2013 07h59
- Atualizado em
11/09/2013 10h35
Para moradores, valores oferecidos estão abaixo de preços de imóveis.
Metrô diz que valor das desapropriações é definido pela Justiça.
(Foto baixada na internet pelo editor do BLOG - FOLHA DE NOTÍCIAS)
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A construção da Linha 17-Ouro começou em março de 2012. O primeiro trecho será uma ligação com 7,7 km do Aeroporto de Congonhas até a Estação Morumbi da Linha 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Quando estiver totalmente concluída, a linha terá 18 km de extensão, ligando o bairro do Morumbi ao Jabaquara, com 18 estações.
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A propriedade onde o artista vive há 28 anos está no trajeto previsto
do monotrilho. O imóvel tem 391 m² de área construída e um terreno com
área total de 538 m², com piscina e quarto para empregados. Segundo ele,
o valor de mercado da casa é muito superior ao oferecido pelo Metrô e
estaria em torno de R$ 2,5 milhões.“Recebi um comunicado dizendo que ia ser desapropriado no valor de 500 e poucos mil. O que eu compro com R$ 500 mil? Não compro nada. Aí eles melhoraram e o valor passou para R$ 1,1 milhão”, contou o artista.
Em nota, o Metrô informou que as desapropriações são anunciadas com a publicação no Diário Oficial do Estado de São Paulo de um Decreto de Utilidade Pública (DUP). Após esse decreto, cabe a um perito da Justiça - e não à Companhia do Metrô - estabelecer o valor que terá de ser pago pela desapropriação. No caso do imóvel de Benito, o decreto foi publicado em março de 2012.
"A Companhia do Metrô esclarece que, nos processos de desapropriações, um perito é nomeado pela Justiça para fazer uma vistoria prévia nos imóveis. É a partir da vistoria que se fixa o valor provisório, que deverá ser depositado pelo Metrô no processo para assegurar a posse do imóvel. Caso o proprietário não concorde com a avaliação do perito indicado pela Justiça, o processo continuará com a discussão sobre o valor definitivo no Poder Judiciário. Vale destacar que os proprietários conseguem levantar 80% do valor depositado em juízo pelo Metrô se cumpridas algumas exigências legais, como, por exemplo, comprovar a propriedade, por certidão atualizada da matrícula do bem (obtida no Cartório de Registro de Imóveis em que estiver registrado o bem expropriado)", informa o Metrô.
Di Paula recebeu o comunicado da desapropriação no 2º semestre de 2012 e, desde então, vem procurando negociar com o Metrô, através de seu advogado, para aumentar o preço oferecido pela casa. “Eu realmente não tenho condições de sair daqui por esse valor. A não ser que eu compre um apartamentozinho para os meus filhos, um negócio ridículo, e eu vou morar na rua”, disse.
Segundo o cantor, um perito em imóveis enviou um fotógrafo para registrar imagens de sua casa. Ainda de acordo com ele, o perito não chegou a avaliar pessoalmente o imóvel. “Eu espero poder dialogar com eles, e com conversa educada, porque não é só mandar papelzinho e vir o cara e olhar e fotografar, dar a opinião dele como se a casa fosse dele, como se eu não valesse nada, como se eu não fosse um cidadão”, desabafou.
Casa tem valor de mercado de R$ 2,5 milhões, de
acordo com músico (Foto: Leonardo Neiva/G1)
Di Paula afirmou ainda estar preocupado com o sustento de sua família,
que inclui Rodrigo e seus outros dois filhos, de 28 e 29 anos, para quem
ainda pretende comprar apartamentos. “Eu trabalhei muito mesmo para
comprar esta casa. Aqui eu tenho meus sonhos, aqui nasceram meus filhos,
aqui eu tenho a minha história, aqui eu tenho tudo”, disse.acordo com músico (Foto: Leonardo Neiva/G1)
Dentro do imóvel também funciona o estúdio musical de Di Paula. Uma das maiores preocupações do cantor é conseguir um outro imóvel com espaço suficiente para sua aparelhagem e, principalmente, para o piano, que tem lugar de destaque na sala de estar da casa.
“Eles deviam chegar e falar: olha, sua casa vale tanto, nós só podemos pagar isso. Mas tem que ser uma coisa condigna. Óbvio que eu não estou querendo o valor que paguei na casa, mas ao menos algo que me dê alguma condição de moradia”, disse. “Eu sou de acordo com o progresso, com a construção do Metrô, mas as coisas precisam ser feitas direito.” De acordo com o artista, o Metrô não forneceu um prazo para que a casa seja esvaziada. Ele ainda não tem planos de comprar outra casa e aguarda um aumento do valor oferecido pela desapropriação para procurar outro imóvel.
Outros casos
Outras casas do quarteirão onde mora Benito di Paula também serão desapropriadas para as obras da linha de Metrô. É o caso do microempresário Ismar Sampaio, de 53 anos, que ainda não foi informado do valor que será oferecido por sua residência, que tem 391 m² de área construída, com uma piscina, um canil e ofurô.
Empresário Ismar Sampaio comprou imóvel há
4 anos e terá de sair (Foto: Leonardo Neiva/G1)
Sampaio já procurava outro imóvel para comprar mesma região, onde
também funciona sua empresa. Ele contou que foi instruído por seu
advogado a deixar o imóvel em no máximo 90 dias. Segundo o advogado, um
oficial de Justiça deve fazer o requerimento do local dentro desse
período. Sampaio comprou o imóvel há apenas quatro anos e recebeu a
notícia da desapropriação já em 2011. “Com certeza não é uma sensação
boa. Você compra a casa há pouco tempo e espera que vai ficar para
sempre”, disse.4 anos e terá de sair (Foto: Leonardo Neiva/G1)
O microempresário pretendia iniciar uma reforma no local, mas desistiu após o aviso do Metrô. “Desisti de gastar dinheiro com isso. Se for comprar outro na região do Morumbi mesmo, vou ter que gastar uns R$ 3 milhões”, contou.
Segundo os moradores do quarteirão, o local ficou desvalorizado depois que a Prefeitura derrubou um muro que separava as casas de uma favela. Sampaio ainda disse que o valor dos imóveis na região deve aumentar em torno de 30% após a instalação do metrô. “Mas não estaremos mais aqui para aproveitar isso”, afirmou.
Na mesma região, a casa da produtora de eventos Cláudia Modesto, de 49 anos, foi avaliada em R$ 898 mil. O imóvel, com 350 m² de área construída, possui quatro suítes, dois escritórios, seis vagas na garagem e sete banheiros, além de lareira e piscina. Na casa, vivem ela e o marido, o microempresário Guilherme Smith de Vasconcellos, de 60 anos, além dos filhos de 17 e 22 anos.
Guilherme de Vasconcellos conseguiu direito a uma
nova avaliação do imóvel (Foto: Leonardo Neiva/G1)
“Não tenho nada contra me mudar daqui, mas quero receber o valor de
mercado”, disse Cláudia. Ela contou que seu advogado conseguiu nesta
terça-feira (10) o direito a uma nova avaliação do valor do imóvel, onde
vive há 10 anos com a família.nova avaliação do imóvel (Foto: Leonardo Neiva/G1)
Cláudia não encontrou nenhuma casa no mesmo bairro que pudesse ser comprada pelo valor que o Metrô ofereceu. “A única coisa boa dessa história é que passei a conhecer meus vizinhos, com quem nem falava. Agora converso com eles sobre essa situação quase todos os dias”, disse.
Durante a entrevista para o G1, Cláudia conversou pelo telefone com a aposentada Nize Ferraz, outra moradora que terá a casa desapropriada. O imóvel, onde vive com o marido tem 341 m² de área construída. “Me ofereceram R$ 850 mil pela casa. No começo foi um choque. Mas sou muito otimista, tenho muita alegria. Já estamos procurando imobiliárias”, disse a aposentada. Nize está pesquisando imóveis na região do Itaim Bibi, onde também moram suas duas filhas.
Casa onde Nize Ferraz vive com o marido foi avaliada
em R$ 850 mil (Foto: Leonardo Neiva/G1)
Segundo Nize, ela e o marido são os moradores mais antigos da rua e
vivem no local há 40 anos. Também de acordo com ela, o morador da casa
vizinha já se mudou, após a casa ser avaliada no valor de R$ 2,5
milhões.em R$ 850 mil (Foto: Leonardo Neiva/G1)
Para a arquiteta Maria Coppolla, de 68 anos, que vive com o marido em um imóvel que também será desapropriado no quarteirão, o mais importante é o valor sentimental da casa. “A avaliação é tão ínfima que não dá para comprar nem na favela”, disse. “Mas esse não é o maior problema. O problema é que não queremos sair daqui.”
Fonte do G1.com
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