segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

CÂMARA HOMENAGEIA VEREADORES CASSADOS PELA DITADURA MILITAR

Câmara homenageia vereadores cassados pela ditadura militar
Por iniciativa da vereadora Marília Arraes (PSB), a Câmara Municipal do Recife realizou hoje (10), Reunião Solene em homenagem ao Dia Internacional dos Direitos Humanos. Na ocasião, houve a posse simbólica dos seis vereadores cassados pela ditadura militar: Jarbas de Holanda, João Bosco Tenório, Alfredo Francisco da Silva, Luiz Sebastião Cavalcanti, Felício Coelho Medeiros e Ivan Gonçalves Cidreiras. João Bosco Tenório representou, na solenidade, todos os vereadores homenageados. Jarbas de Holanda Pereira, impossibilitado de comparecer no evento, estava representado pelo irmão, José Olivaldo Pereira. Os quatro demais homenageados são falecidos e os familiares estiveram presentes.
A mesa foi composta por Laura Gomes, Secretária de Direitos Humanos de Pernambuco; Amparo Araújo, da Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã do Recife; João Bosco Tenório, ex-vereador cassado e Fernando Coelho, Presidente estadual da Comissão da Verdade. Romildo Gomes (PSD), Inácio Neto (PSB) e o vereador de Olinda, Marcelo Santa Cruz, marcaram presença.
Em seu discurso, Marília Arraes (PSB) disse que a homenagem, embora tardia, representa o reconhecimento da importância de lembrar os que não deixaram de lutar pelo que acreditavam. “E também sofreram com a repressão, supressão de seus direitos e dos direitos do povo. Fatos lamentáveis de nossa história que precisam ser registrados e repassados, principalmente à nossa geração, que teve o privilégio de nascer e crescer em um estado democrático de direito, disse. A criação da Comissão da Verdade e a inciativa da homenagem foram citadas por Marília Arraes. “Estamos empenhados no resgate do que de fato aconteceu em vinte anos de ditadura militar. Eduardo Campos foi o primeiro governador brasileiro a criar uma comissão da verdade, motivado, inclusive, por sua experiência familiar. Sinto-me honrada, aos 28 anos, após ter sido reeleito pelo voto popular, poder devolver, ainda que simbolicamente, mandatos dos vereadores que, assim como eu, foram trazidos para estes lugares pelo povo do Recife. E só o povo poderia havê-los tirado ”, frisou. A vereadora também informou que pedirá à Comissão da Verdade uma investigação a respeito da deposição do ex-governador Miguel Arraes e também sobre a morte dos líderes estudantis Ivan Rocha Aguiar e Jonas Albuquerque.
Amparo Araújo fez questão de enaltecer a data internacional dos Direito Humanos e anunciou a elaboração do guia turístico “Recife, Lugar de Memória”. “Aproveito este momento para dar um presente para o Recife. Este guia turístico traz 5 rotas, dentre elas a da ditadura militar. Disponibilizaremos também todo o conteúdo para as redes sociais para que todos possam conhecer a história de nossa cidade nesta fase política”.  Após o discurso, Amparo Araújo quebrou o protocolo, anunciando a presença de Genilvalda Melo da Silva, viúva de José Manoel da Silva, morto em 1973. Geni, como é mais conhecida, distribuiu na solenidade vários exemplares do livro “Marinheiro Só”, de autoria de Claudio Guerra, no qual narra a história de seu esposo, José Manoel. “A minha casa ficou uma baderna, rasgaram e quebraram tudo. Minha cunhada foi presa. A polícia queria um aparelho que meu marido, segundo eles, se comunicava com os outros. Não sabia disso. Foi muito sofrimento. Não sei nem como consegui chegar no Recife hoje, aqui. São muitas recordações. Mas, José Manoel, onde você estiver, sei que está bem”, disse.
O advogado João Bosco Tenório foi líder estudantil em tempos difíceis. Eleito vereador pelo antigo MDB, teve o mandato cassado pelos militares na década de 60. Agora, mais de quarenta anos depois, ele voltou à Câmara Municipal do Recife para receber de volta, simbolicamente, o mandato. “Essa inciativa de Marília Arraes muito me envaidece. Ser par de Jarbas de Holanda, Luiz Cavacanti, Ivan Cidreira, Alfredo Francisco e Felício Coelho, sendo porta voz deles é uma oportunidade de esclarecer fatos que constam em minha memória. Tomei posse nesta Casa no dia 10 de janeiro de 1969. Neste mesmo dia, num processo sórdido de intimidação fui intimado a comparecer para ser processado por suposta violação aos artigos 33 e 39 da Lei de Segurança Nacional, então vigente. Hoje, lendo o acervo de informações a meu respeito vejo com eram burras e ineficientes as coletas de informações políticas”, disse. João Bosco Tenório, finalizou suas palavras na tribuna dizendo ser um sonhador. “Agora, passados todos esses anos da cassação do meu mandato, quero agradecer esta homenagem e dizer que o jovem que foi eleito vereador continua o mesmo sonhador, acreditando nas conquistas do povo brasileiro e no belo futuro”, disse. Após a solenidade, houve o descerramento da placa em homenagem aos vereadores simbolicamente reempossados, no pátio da Câmara.
Em 10.12.2012 às 12h40.

Fonte: Câmara Municipal do Recife.

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